domingo, 8 de maio de 2011

Um pouco mais de Florbela Espanca

Sem Remédio
Aqueles que me têm muito amor
Não sabem o que sinto e o que sou...
Não sabem que passou, um dia, a Dor
À minha porta e, nesse dia, entrou.

E é desde então que eu sinto este pavor,
Este frio que anda em mim, e que gelou
O que de bom me deu Nosso Senhor!
Se eu nem sei por onde ando e onde vou!!

Sinto os passos de Dor, essa cadência
Que é já tortura infinda, que é demência!
Que é já vontade doida de gritar!

E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio,
A mesma angústia funda, sem remédio,
Andando atrás de mim, sem me largar!

À Ela

Não vou começar com a célebre frase: "Minha mãe é a melhor mãe do mundo", até porque acredito que não seja, mas, pra mim, ela é perfeita. Minha mãe, minha amiga, minha educadora, minha irmã mais velha, minha namorada, minha médica, minha segurança particular, minha cozinheira, minha filha, minha e só minha.
Domingo passado, no ônibus, começou a tocar "Como é grande o meu amor por você" e o engraçado é que não lembrei de quem havia me mandado essa música por mensagem um dia, e sim da minha mãe, somente dela. Cantava baixinho, a imagem dela na minha cabeça e lágrimas involuntárias desciam meu rosto. Era incontrolável, não sei explicar, só sei que só pensava nela. Não é segredo pra ninguém o carinho enorme que tenho por essa mulher. Costumo chamá-la de minha véia, meu xodó, Sinhá Eguá, Jararaca... Shiii, vou passar o dia aqui, mas só nós entendemos e conseguimos conviver com toda essa liberdade. Pra muitos é desrespeito, pra nós dois, é diversão, é apego.

Embora, muitos digam que sou a cópia do meu pai, não há ninguém com quem eu me pareça mais que minha mãe. Palhaça, esquentada, extremamente prestativa, paciente, ingênua. Ingênua? Acho que não, preferimos nos fazer a levar nome de conformados por sabermos e aceitarmos muita coisa. Evitamos ao máximo uma boa briga, pois sabemos o quanto gostamos de estar dentro de uma. Não somos de engolir palavras, nem nossas, nem alheias. E quando gostamos, suportamos o insuportável.

Tantos ferimentos, tantas conversas que me deixaram trêmulo e sem voz, tantas briguinhas, tantos abraços, beijos, tantos planos pra roubar a carteira de papai (risos), tantas festas...
Não sei como ela me suporta, aliás, sei sim, porque ela é minha mãe, só mãe suporta tudo de e por um filho.
Nunca me põe pra baixo, pra ela sempre sou o mais lindo, o mais gostoso, cobra-me o que tem de ser cobrado de um filho da maneira mais tênue possível. Convenhamos, eu não tenho do que reclamar.
Por mais, que às vezes, a exagerada preocupação dela me irrite, eu prefiro vê-la preocupada a totalmente indiferente quanto aonde estou, com quem estou e que horas chegarei. Sou dela, ela me fez, ela me criou, ela me ama incondiconalmente, aceita-me e me respeita.

Só tenho a ti agradecer, minha mãe. Pelas horas de sono até hoje perdidas, pelos tapas que, hoje, já não doem mais, pelas palavras que, antes, não era comprendidas e que, agora, são as que mais ferem, pelas inúmeras gargalhadas, pelos comprimidos dados de madrugada pra baixar minha febre, pelo esfregar de mão nas minhas costas quando tinha ânsia de vômito, pelas papinhas feitas quando aquele aparelho apertava até o meu juízo e, é claro, por ser tão compreensiva e tão mãe, tão gente. Serei sempre seu reflexo. E não se esqueca, morarei até os meus 60 anos com a senhora. Casar? Ter mulher, filhos? Pra que? A senhora é minha mulher, ama-me, ajuda-me, faz meu almoço, lava minhas cuecas, passa sabonete anti-acne nas minhas costas... Sexo? Ah, é. Isso eu arranjo em outros cantos (risos).
Amo você, MINHA MÃE!!!

Florbela Espanca

Amar!

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...


sexta-feira, 6 de maio de 2011

Amy Winehouse








Você Ainda Me Amará Amanhã?

Hoje à noite você é completamente meu
Você me deu seu amor tão suavemente
Hoje à noite a luz do amor está em seus olhos
Mas você irá me amar amanhã?

Isto é um tesouro duradouro
Ou somente um momento de prazer
Posso acreditar na mágica de seu olhar
Você ainda me amará amanhã?

Hoje à noite sem dizer
Você promete que eu serei a única
Mas será que você machucará meu coração
Quando a noite encontrar o sol da manhã?

Eu gostaria de saber se seu amor é amor mesmo
Que eu possa ter certeza
Então me diga agora que não perguntarei novamente
Você ainda me amará amanhã?

Você ainda me amará amanhã?
Você ainda me amará amanhã?




Estático


Todos se movimentam, todos riem e se divertem. Todos insistem e alcaçam. Caem e erguem-se. E por que só eu não consigo? Por que só eu me sinto parado entre essa multidão? Por quê?

Não consigo me mover, crescer. Sentir que algo mudou de verdade. E isso acaba comigo. Não tenho pressa, só queria ter plena certeza de que tudo mudará. Que farei as escolhas certas, que serei realizado profissional e sentimentalmente. Sei, é pedir de mais, mas...

Como dói ver aqueles que tanto gostei, distantes e felizes sem mim. Dói saber que pra eles, eu mais nada represento. Sou objeto velho guardado no quartinho das tralhas e que quando forem arrumá-lo serei jogado fora, se é que já não fui.

Vejo amigos, inimigos e ex-amores em fotos com sorriso de orelha a orelha, com novos amigos, em farras, com novos relacionamentos e eu continuo aqui, estático. Elaborando momentos, frases, fatasiando situações, e o mundo continua a girar e as pessoas a se transformarem. E eu permaneço aqui, estático, só podendo expressar meus sentimentos, emoções, e angústias aqui. Escondido de todos. Finjo ser o que nunca fui.

Por isso, aniversários têm me deixado tão depressivo e desolado, por ver meus amigos crescendo e fazendo o que bem querem e, eu, parado, ouvindo tudo, tentando sorrir, sentir-me entrosado de novo, mas não dá.
Como fazer isso escondendo de todos o que sinto e o que sou?
Minto, escondo, sorrio pra foto, bebo, como e me sinto uma estátua no meio deles.
Tô doente e quero colo.

sábado, 30 de abril de 2011

MARCAS DA ROTINA

Desceu, 
tomou café, 
folheou o jornal, 
deu-me um beijo e saiu.


Chegou, 
beijou-me, 
jantou e dormiu.


E o amanhã em nada seria diferente,
excetuando a minha vontade de continuarmos juntos
que a cada dia ficava mais escassa.